A história da aldeia das experiências

16 de abril de 2024

O que mais lhe marcou durante seus anos iniciais na escola quando era criança? Há algo que ficou guardado para sempre em sua memória? Muito provavelmente não foi uma aula copiando a lousa no caderno. Nem a professora dando uma aula expositiva sobre a diferença de um verbo e um advérbio.

Você se lembra de algum passeio que fez com a sua classe? Você se lembra de algum professor que te fazia rir ou era extremamente ranzinza? Você se lembra de alguma vez que algum colega brigou feio com você? Por que será que algumas coisas nos marcam mais do que outras? Será que sabendo disso podemos planejar uma educação mais completa em todos os seus aspectos?

Em geral, lembramos de coisas ricas em vivências e experiências. Vivências que impactaram nossa percepção, desafiaram nosso intelecto, desestabilizaram nossas emoções e  afetividade, e talvez, fizeram-nos movimentar nosso corpo.

Em nosso último Encontro de Pais da Escola Saúde, realizado no dia 6 de Abril, mostramos de forma prática como as vivências do cotidiano podem ter valor educativo. Tanto para o adulto como para a criança. Mas é preciso olhar para estas situações de uma outra perspectiva além da rotina, e principalmente, estar aberto e entregar-se para novas experiências.

A aprendizagem pode acontecer em todo lugar e a cada momento. Não é apenas na escola e muito menos somente na sala de aula. Lembrando da conversa que tivemos no Encontro, com a Professora Gabriela Menezes da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), nosso cérebro se modifica com cada uma de nossas experiências. Somos hoje o resultado de nossas experiências, das escolhas que nossos pais fizeram para nós quando éramos crianças, e também de nossas próprias escolhas. Vivenciar experiências significativas é uma das formas mais poderosas de conhecimento. Mais do que uma mera decoreba, a aprendizagem vivencial promove o estabelecimento de relações entre diferentes saberes, e dá sentido aos conteúdos, além de trabalhar a integração social e a formação de virtudes.

Mas vale lembrar que nem toda experiência é desejável ou positiva para nosso crescimento e realização. Experiências ruins podem gerar traumas, fobias e uma percepção distorcida da realidade. Neste sentido, acreditamos que a escola é um lugar de se proporcionar muitas vivências e experiências de forma segura e com apoio individualizado. A relevância da aprendizagem vivencial na Educação não é algo novo. Na realidade, grandes nomes da pesquisa em Educação como John Dewey (1859-1952) e David Kolb (nascido em 1939) já advogam por esta causa há muitas décadas. O primeiro publicou o livro “Experience & Education” em 1938 e o segundo o livro “Experiential Learning” em 1984. Contudo, muitas escolas têm dificuldade em integrar esta abordagem como uma ferramenta de aprendizagem. Esta dificuldade se dá principalmente porque é muito difícil utilizá-la de forma eficaz e segura com turmas grandes. É muito mais fácil deixar todas as crianças sentadas na carteira e olhando para lousa a maior parte do tempo.

Para que a aprendizagem vivencial seja efetiva, é necessária uma educação individualizada. Cada aluno precisa ser especial. Além do envolvimento afetivo do professor, um profundo conhecimento de cada aluno em todos os seus aspectos se faz necessário. O acompanhamento próximo do desenvolvimento emocional, social, cognitivo e motor é fundamental. O professor precisa conhecer as expectativas e os sonhos de cada um de seus alunos.

Por fim, vale lembrar do provérbio africano que diz que “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Assim, o trabalho conjunto entre a família, a escola e a comunidade é essencial para a Educação de nossos filhos. Faça parte da história de nossa aldeia.

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